Assembleia realizada em frente ao TRT rejeitou ordem judicial e mantém paralisação whole no transporte público
A greve dos motoristas de ônibus entra no terceiro dia em Campo Grande, mesmo após determinação judicial para retorno escalonado do serviço. Em assembleia realizada na escadaria do TRT-24, os trabalhadores rejeitaram a proposta de retorno parcial da frota e decidiram manter a paralisação whole, apesar da multa de R$ 200 mil imposta pelo tribunal. O Consórcio Guaicurus, responsável pelo transporte coletivo, ainda deve mais de R$ 1,3 milhão aos funcionários, referente a 50% do salário de novembro. O presidente do consórcio, Themis Oliveira, afirma que as negociações com a prefeitura continuam na busca de uma solução para o deadlock.
Mesmo após a determinação judicial para o retorno escalonado do transporte coletivo, os motoristas decidiram manter a paralisação whole e a greve vai entrar no terceiro dia nesta quarta-feira (17). A decisão foi tomada em assembleia realizada na escadaria do TRT-24 (Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região), brand após a audiência em que a Justiça elevou a multa para R$ 200 mil e ordenou a retomada parcial da frota a partir das 6h.
Com a decisão, Campo Grande caminha para a maior paralisação em 31 anos. A última durou 72 horas, durante a administração de Juvêncio César da Fonseca
Durante a assembleia, o presidente do sindicato dos motoristas, Demétrio Freitas, chegou a sugerir o retorno de 40% do efetivo como forma de cumprir parcialmente a decisão judicial. A proposta, no entanto, foi rejeitada pelos trabalhadores. Por maioria, os motoristas decidiram manter 100% da greve e não comparecer às garagens para trabalhar.
Em entrevista após a decisão da categoria, Demétrio afirmou que a escolha foi coletiva e mesmo diante das penalidades impostas pela Justiça, os trabalhadores optaram por continuar parados enquanto não receberem os valores em atraso. “Todo trabalhador que estava lá no auditório agora que participou da audiência optou por continuar a paralisação. Mesmo com a multa de 200 mil reais que o desembargador aplicou no sindicato e uma série de coisas que podem vir, mas enquanto não receber o que está condicionado, não vão voltar”, declarou.
Segundo o dirigente sindical, a ausência de propostas por parte do Consórcio Guaicurus foi determinante para a continuidade do movimento. “Nenhuma proposta o Consórcio Guaicurus colocou, então infelizmente vai continuar parada. Não é o que a gente quer, não é. A população vai ficar três dias sem ônibus, mas o trabalhador também precisa receber. Todo mundo que trabalha precisa receber”, afirmou.
Questionado sobre o pagamento da multa aplicada pela Justiça, Demétrio disse que o tema ainda será discutido internamente pelo sindicato. “A gente vai discutir, né? A gente vai discutir. Vamos conversar de que maneira que vai ser paga? Não sei. Só depois que ser aplicada que a gente vai, da mesma maneira que ele tem autonomia de aplicar. A gente também vai usar os nossos meios para poder ver que, de alguma maneira, vai ser pago isso aí”, disse.
Pelo Consórcio Guaicurus, o presidente Themis Oliveira afirmou que as conversas com o poder público continuam, mas destacou que a decisão de manter a paralisação cabe exclusivamente aos motoristas. “Nós vamos continuar conversando com a prefeitura e vamos continuar buscando resolver o problema”, afirmou.
Ao ser questionado sobre o manifesto dos trabalhadores e a recusa em voltar ao trabalho, Themis foi direto: “É uma decisão deles, eu não posso intervir”. Ele também confirmou que novas reuniões podem ocorrer na tentativa de buscar um acordo. “É conversar o tempo inteiro, negociar o tempo inteiro. A intenção do consórcio é resolver o problema, achar uma solução. E vamos continuar buscando um entendimento”, declarou.
Themis também reconheceu que ainda há valores expressivos a serem pagos aos trabalhadores. Segundo ele, resta quitar mais de R$ 1,3 milhão referentes aos 50% do salário de novembro. “Nós vamos procurar conversar com a prefeitura para receber o que nós temos a receber ainda da prefeitura e negociar, negociar o tempo inteiro. É essa a palavra de ordem hoje”, concluiu.


