ONGs relatam conquistas no manejo do fogo, maior articulação e entrega de cartas sobre áreas úmidas
A maior planície alagada do planeta ficou de fora do texto closing da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025), realizada em Belém (PA). Nenhuma menção direta ao Pantanal ou às áreas úmidas apareceu no documento oficial, frustrando parte das expectativas de ambientalistas. Ainda assim, representantes de organizações que estiveram na Blue Zone, espaço de negociação entre governos, afirmam que houve avanços importantes, especialmente na construção de unidade entre instituições pantaneiras, no debate sobre manejo do fogo e na pressão para que áreas úmidas integrem o acordo na próxima conferência.
O Pantanal, maior planície alagada do planeta, não foi mencionado no texto closing da COP30, realizada em Belém (PA). Apesar da ausência no documento oficial, ambientalistas destacam avanços importantes, especialmente na construção de unidade entre instituições pantaneiras e no debate sobre manejo do fogo.Entre os pontos positivos, destaca-se o acordo de mais de 70 países sobre manejo integrado do fogo, tema essential para o bioma que tem enfrentado grandes incêndios. A delegação pantaneira teve presença marcante no evento, com diversas organizações atuando em conjunto e levando suas demandas a autoridades, plantando sementes para futuras conquistas na próxima conferência.
O presidente do Instituto do Homem Pantaneiro, coronel Ângelo Rabelo, avalia que a COP deu um passo à frente, mesmo deixando lacunas para o bioma. “Acho que temos o mapa do caminho. É um esforço que já estamos construindo há muitos anos”, afirmou. Quanto aos combustíveis fósseis, que também ficaram de fora do documento, o coronel afirma que o processo é complexo e envolve muitos países, mas as discussões caminham na direção da sustentabilidade.
Sobre o Pantanal, Rabelo reconhece que ainda será preciso avançar: “Ainda temos uma longa caminhada para melhor posicionar as áreas úmidas”.

Para Gustavo Figueiroa, da SOS Pantanal, a conferência falhou em pontos centrais, sobretudo na discussão sobre combustíveis fósseis. “A COP, como um todo, deixou muito a desejar. O acordo é insuficiente para enfrentar a crise climática com a seriedade e a urgência de que precisamos”, criticou. Ele lembra que a pressão de alguns países impediu que o tema avançasse, apesar da tentativa brasileira.
“É muito preocupante ver que o principal causador do aquecimento international ficou de fora. Alguns países fizeram um foyer muito forte para que a exploração proceed”, disse.
Mesmo sem conquistas específicas para o Pantanal no texto closing, Figueiroa destaca um avanço international importante para o bioma, que foi o acordo de mais de 70 países sobre manejo integrado do fogo. O tema é diretamente ligado à realidade pantaneira, que tem sofrido com grandes incêndios nos últimos anos. “Isso faz parte da agenda de adaptação e mitigação. É um assunto que está tomando escala international”, afirmou.
O ambientalista também ressalta a força inédita da delegação pantaneira na COP30. “Fomos com várias organizações, cada uma pautando o Pantanal de uma maneira. Criamos esse movimento de unidade, produzimos camisetas, entregamos a carta pelas áreas úmidas a diversas autoridades e levamos o Pantanal até mesmo para fora dos espaços formais, como nos exhibits de Ney Matogrosso e Lenine”, contou.
Futuro – Segundo ele, essa visibilidade plantou uma semente para que, na próxima COP, as áreas úmidas finalmente apareçam no documento closing. “Não foi o que a gente esperava, mas houve avanços positivos. Conseguimos colocar o Pantanal na cabeça de pessoas importantes.”
A professora da Unemat (Universidade do Estado de Mato Grosso), Solange Ikeda Castrillon, fundadora do Instituto Gaia Pantanal e coordenadora do Pacto pela Restauração do Pantanal, também esteve na Blue Zone como representante da sociedade civil na delegação brasileira. Ela classifica o cenário geral da COP como complexo, mas vê conquistas para o bioma. “Em relação ao Pantanal, senti um protagonismo das nossas instituições. Na pauta da restauração, área em que atuo e que está diretamente ligada à redução de incêndios e à proteção das áreas úmidas que estocam carbono, nossas vozes foram ouvidas pelo governo brasileiro”, afirmou.
Solange entregou duas cartas durante a conferência: uma da Rede Nativas Mulheres pela Restauração Ecológica, entregue à ministra Marina Silva, e outra à primeira-dama Janja Lula da Silva, que atuou junto ao grupo de mulheres dos biomas.
Como coordenadora do Pacto pela Restauração, ela também participou de mesas com FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Para Solange, a ausência do Pantanal no documento closing acende um alerta: “Perder área úmida é perder todo o estoque de carbono que temos aqui”.

Apesar do apagamento oficial do Pantanal no documento closing da COP30, os três representantes concordam que a expectativa agora é que essa articulação pelo bioma resulte, em 2026, no reconhecimento definitivo das áreas úmidas no acordo international e que o bioma possa se tornar prioridade nas decisões climáticas.
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